Arquidiocese de Braga -

14 fevereiro 2020

Nova exortação é novo capítulo da “renovação inadiável" da Igreja

Fotografia Avelino Lima/DM

dacs

D. Jorge Ortiga sublinha que documento é “um sonho que é uma interpelação a realizar”.

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A nova exortação apostólica do Papa Francisco faz parte da renovação inadiável que o sumo pontífice idealiza para a Igreja. É esta a opinião de D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, que insere o documento numa "dimensão de globalidade de quem tem uma ideia muito clara de como deve ser a Igreja".

Na conferência de imprensa de apresentação de "Querida Amazónia", que teve lugar no Santuário do Bom Jesus do Monte, D. Jorge Ortiga explicou que a exortação tem presente a "lógica e dinamismo do sonho", salientando a importância das questões ambientais e que a ecologia deve ser integral – abrangendo o sonho social e cultural da exortação – porque "não pode existir sem as pessoas".

O arcebispo de Braga salientou ainda a "cultura marcadamente laical" expressa pelo Papa Francisco, dizendo que "estamos ainda dominados por um sistema de cristandade dependente da hierarquia da Igreja" quando o Papa quer "uma Igreja do povo de Deus", sustentada em "comunidades vivas".

Manuel Pinto, co-fundador do jornal digital de informação religiosa Sete Margens, afirmou que o Papa Francisco deixou as questões que estiveram em debate no Sínodo dos bispos sobre a Amazónia, em Outubro de 2019, ao discernimento da Igreja da região, reconhecendo, logo no início, o documento final da assembleia de bispos.

Para o professor de Ciências de Comunicação na Universidade do Minho, a cobertura mediática do lançamento da exortação "Querida Amazónia" foi "formatada" para procurar o tema da ordenação de homens casados, criando "juízos empobrecedores" a partir do momento em que a questão nem sequer é referida no documento.

Salientando o "vigor profético" do Papa na denúncia que faz da situação que afecta a bacia da Amazónia e a importância desta para todo o mundo, Manuel Pinto explicou que mencionar a questão dos viri probati iria desviar atenções da verdadeira intenção do Papa Francisco com este documento, para além da dificuldade de tomar "uma decisão destas para toda a Igreja".

O Pe. Tiago Freitas esclareceu ainda que os pedidos de algumas Igrejas locais para que sejam ordenados os líderes das comunidades acontece sempre "com o propósito de ter pessoas que possam celebrar a Eucaristia", afirmando que o Papa Francisco quis, com este documento, "esgotar primeiro todas as hipóteses naquela região", falando na intensificação da ordenação de diáconos permanentes e no pedido aos bispos para que foquem a vocação missionária dos seus sacerdotes e religiosas na Amazónia.