Arquidiocese de Braga -

7 dezembro 2020

Mensagem por ocasião das novas medidas para o período de Natal

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Mensagem do Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, aos sacerdotes.

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Caríssimo sacerdote,

Junto anexo as Orientações que o Governo emanou para este tempo das festas natalícias. São uma referência a cumprir na organização da pastoral. Não são as que gostaríamos. Depois de tantas restrições e condicionamentos, estávamos (todos) a precisar de maior normalidade. Teremos, contudo, de agir em função dos resultados que queremos alcançar. E que cheguem depressa. Acreditemos que o futuro nos reservará melhores momentos.

Agora, teremos de fazer com que o Natal, sendo diferente, nos aproxime mais do seu verdadeiro significado. Poderemos ter muitas e solenes celebrações sem revivermos a verdadeira originalidade do presépio. Mais do que nunca importa celebrar o nascimento de Cristo, despindo-o de representações exteriores e apropriando-nos de um Menino que nasceu para nós. O Natal é oferta do amor de Deus. Devemos sentir-nos tocados por esta experiência para nos responsabilizarmos por viver “intensamente a caridade para oferecer um rosto sinodal e samaritano à Igreja, que se faz próxima para cuidar e acompanhar como Jesus Cristo, o Bom Samaritano”.

Esta é a mensagem do Natal que deveria relativizar muitas outras coisas de que gostamos e às quais nos afeiçoamos. Não podemos entristecer-nos ou cair no desânimo por não ser possível fazer o que sempre fizemos. Com esta situação indesejada, ganharemos se nos focarmos no essencial. Prendendo-nos àquilo que verdadeiramente vale, celebraremos a vinda de um Menino que revolucionou o mundo e que, hoje, deverá ainda ser novidade para muitos, em primeiro lugar para os cristãos. Há uma graça que Deus continua a oferecer à Humanidade. Não a podemos perder.

Esta redescoberta do Natal poderá não passar pelos habituais programas pastorais desta época natalícia. Com alguma criatividade e inovação teremos de descentralizar os lugares da celebração e fazer com que o Natal aconteça essencialmente nas famílias. Aí a festa acontecerá e as paróquias devem investir em subsídios que ajudem a viver-lo nestas novas catedrais domésticas. O habitual das festas familiares pode ter algumas inovações que vá para além da materialidade de certas tradições. Levemos, por isso, o verdadeiro Natal para o coração das famílias.

Depois, a partir dos dinamismos das comunidades, sejamos capazes de inventar modos e maneiras de mostrar que a Igreja é uma única família amada por Deus e que caminhamos juntos em verdadeira fraternidade e solidariedade. Não basta afirmar a sinodalidade. Deve tornar-se visível. Isto acontecerá se nesta quadra, de um modo inequívoco, nos aproximarmos uns dos outros através de mensagens, telefonemas, sinais de afecto, presenças. A comunidade, através dos seus movimentos e serviços, deverá saber encontrar maneiras de estar junto de todos. O Natal passa por esta rede que a todos une na alegria da mesma festa.

Queremos protagonizar uma caridade que vê com o coração. Isto significa individualizar as pessoas e famílias que na comunidade se encontam sozinhas. É grave o problema da solidão. Não há alegria no rosto de muitas pessoas das nossas comunidades. Deveríamos ousar entrar dentro de muitas casas onde a tristeza e, quem sabe as lágrimas, podem obscurecer a alegria natalícia. Envolvamos os nossos cristãos para que na noite de Natal, ou neste dia de vida familiar, ofereçam sinais de amor a quem não terá o calor familiar. É algo de que falamos sempre. Este ano, quando temos mais tempo disponível, teremos de fazer experiências que nos irão surpreender e enriquecer. São pessoas vizinhas, do mesmo prédio, conhecidas e a viver longe, que não vemos há muito ou pouco tempo, que estão nas suas casas, nos hospitais, nos lares. Entrelacemos a vida de todos. A força do cristianismo reside na certeza de sermos um único corpo que tem um só coração e uma só alma.

Se este Natal é um momento para caminharmos juntos, façamos com que esta caminhada seja um compromisso para sonharmos juntos. Não podemos contentar-nos em percorrer sempre os mesmos caminhos. Precisamos de acreditar que é possível uma Igreja diferente, mais fiel ao projecto de Cristo e aos desafios que o mundo lhe vai lançando. Não podemos ser mesquinhos e permanecer presos aos hábitos e rotinas. Sonhemos mas sonhemos juntos. Que o Natal nos leve mais longe. O que poderá acontecer de novo por causa deste Natal em tempo de pandemia?


† Jorge Ortiga,
Arcebispo Primaz


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Conselho de Ministros: Orientações

Conselho de Ministros: Comunicado

Medidas

Mensagem do Sr. Arcebispo