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Rita Cunha / Diário do Minho | 28 Set 2021
Arquidiocese, Confrarias e Irmandades unem-se para potencializar o seu património natural e cultural
As Confrarias e Irmandades que integram a Coroa de Braga assumem um conjunto de compromissos tendo em vista uma ecologia integral, através de uma revolução espiritual e cultural.
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  © Avelino Lima

Cuidar, proteger e valorizar os recursos naturais e culturais, assim como os edifícios construídos e os espaços envolventes. Este é, em traços gerais, o compromisso assumido pelas quatro Confrarias e Irmandades que integram a Coroa de Braga (Bom Jesus do Monte, Nossa Senhora do Sameiro, Santa Maria Madalena e Santa Marta das Cortiças), o qual ficou patente num compromisso assinado entre todas.

Coordenado pelo Departamento Arquidiocesano para o Tempo Livre, Desporto e Mobilidade (Pastoral do Turismo), o projeto "Cuidar, proteger e valorizar a Coroa de Braga" pretende, segundo o protocolo, «um verdadeiro laboratório» que compromete as quatro entidades, «promovendo um trabalho de entreajuda através de reuniões conjuntas para o efeito, sempre na procura do cuidado ambiental, da defesa da vertente religiosa e no intuito de colocar estes espaços marcados pelo sagrado ao serviço da comunidade bracarense e de quem o queira procurar».

Este compromisso inclui ainda a inscrição de todas estas entidades na Plataforma para a Ação Laudato Si, criada pelo Papa Francisco, a qual propõe um vasto leque de iniciativas, algumas já em fase de concretização e outras para serem concretizadas nos próximos meses ou anos.

Por entre as diversas ações previstas encontram-se a instalação de painéis solares nos Santuários e a melhoria do isolamento térmico dos edifícios, «sem por em causa o valor patrimonial e o impacto visual», a renovação e instalação de sistemas de iluminação mais sustentáveis e eficientes (luzes LED), a plantação de árvores autóctones e de espécies nativas nos jardins, a remoção das espécies invasoras e a proteção e recuperação das nascentes de água e minas, de modo a promover o uso sustentável da água. A isto junta-se a instalação de sistemas de rega gota a gota, a implementação de um sistema de limpeza das matas, a instalação de sistemas de trituração de resíduos florestais e a criação de centros de combustão.

Com o propósito de potenciar a eco-justiça, o protocolo prevê a promoção de sessões de esclarecimento e informativas sobre a importância do ambiente e da sustentabilidade, na realidade de cada Santuário, assim como disponibilizar o acesso à água potável a todos os visitantes e a criação de espaços verdes para as crianças, «seguros e distantes da poluição atmosférica».

Tendo como foco uma economia ecológica, as Confrarias e Irmandades assumem o compromisso de apoiar a economia circular promovendo o artesanato local, assim como de praticar compras justas e sustentáveis apoiando negócios éticos, dando prioridade aos fornecedores locais.

Para a adoção de estilos de vida sustentáveis, pretendem, entre outros pontos, melhorar a sustentabilidade no que respeita o transporte, bem como nas compras do consumidor, eliminando o uso de plástico descartável nas Casas das Estampas, entre outros locais de venda. Serão ainda instalados centros de depósito para reciclagem dos lixos produzidos nos santuários e os crentes serão sensibilizados para que evitem queimar a cera.

A educação ecológica também está incluída neste protocolo, abarcando a realização de oficinas lideradas por jovens, em parcerias com universidades, valorizando o papel dos escuteiros nas comunidades. Para além disso, os temas da Laudato Si constarão dos boletins informativos dos Santuários e serão criados percursos bíblicos na natureza que despertem o interesse pela natureza.

Anualmente, será celebrado o Tempo da Criação e serão potenciados espaços de oração para que os fiéis possam rezar em contacto com a natureza. Serão ainda criados espaços de reflexão no espaço natural dos Santuários, para contemplação, ouvir, sentir e observar a natureza.

Num último ponto, que visa o envolvimento da comunidade, este protocolo contempla a organização de eventos como oficinas sobre árvores notáveis, fotografia e natureza ou observação de árvores, assim como de ações que sensibilizem para a limpeza do lixo e abate de espécies invasoras. Serão também criados espaços de refúgio para as espécies avifauna.

 

Arcebispo de Braga salienta a necessidade de uma «resposta ecológica urgente»

© Avelino Lima


O Arcebispo de Braga lembrou que «não podemos ignorar o que está a passar no planeta«, exigindo-se «uma resposta ecológica urgente», indo ao encontro do compromisso ontem firmado pelas quatro Confrarias e Irmandades que compõem a Coroa de Braga.

Na sua intervenção, D. Jorge Ortiga começou por sublinhar o compromisso de «tornar a cidade de Braga num destino turístico de qualidade», sendo certo que «a vertente religiosa e eclesial» é, aqui, um agente diferenciador. «Temos tido um cuidado muito grande em qualificar edifícios e espaços da cidade e reafirmar a importância da Coroa de Braga com o compromisso para esta causa que é constituída pelos quatro Santuários que completam o que a cidade poderá propiciar aos turistas que nos procuram», realçou.

Para o Prelado, este compromisso assume especial importância já que significa o renovar da vontade de «tornar estes espaços marcados pelo sagrado acolhedores, aprazíveis para bons momentos familiares, para rezar e para encontros com o transcendente».

A «causa ecológica» assume para o Arcebispo particular relevância: «não podemos permitir a destruição da natureza com consequências dramáticas como as alterações climatéricas e catástrofes; a causa da natureza não permite adiamentos e exige um compromisso de todos e nós, Igreja, estamos empenhados nisso».

D. Jorge Ortiga deixou ainda a nota de que «estes quatro espaços são de fruição universal», mas devem ser respeitados como sacromontes. «Não podemos tolerar certas cenas degradantes, por exemplo, no acesso aos espaços ou na zona envolvente», alertou, defendendo aqui uma maior «atenção» por parte das autoridades.

O Arcebispo destacou também que este compromisso deverá contar com uma «maior colaboração» das entidades, sejam camarárias (autarquias de Braga e Guimarães, neste caso). «Podemos ter aqui muitas candidaturas mas precisamos também que olhem para estes lugares e ajudem», sustentou.

Lembrou ainda que, presentemente, está a ser cuidado o novo programa pastoral para as comunidades da Arquidiocese de Braga, o qual convida cada cristão a «ser estimulado pelo exemplo do bom samaritano» onde nós «devemos ser capazes de manifestar a urgência de um amor», que se deve concretizar «em gestos» e na «caridade em relação com as pessoas e a natureza».

Aqui, o Prelado destacou o verbo "cuidar" como aquele a ser conjugado nas paróquias «de todas as maneiras e modos». «Neste cuidar, escolhemos vários campos de ação»: cuidar das feridas da fraternidade, das feridas das famílias, das feridas que afetam os jovens e das feridas da Casa Comum.

«Devemos ter uma sensibilidade muito grande de denunciar os atentados à natureza, as tais feridas da natureza. Queremos criar uma ação e intervir dentro daquilo que nos for possível», vincou.


Responsáveis comprometidos com a causa ambiental

O compromisso para com a causa ambiental foi manifestado pelos responsáveis das quatro Confrarias e Irmandades.

Da parte do Santuário do Sameiro, o cónego José Paulo Abreu disse encarar este projeto numa «tríplice perspetiva», começando pelo patamar da natureza, a mata e os jardins. «Sempre tivemos o cuidado de cuidar e não só vamos manter como potenciar porque se muita gente lá vai é porque é bonito, fresco, limpo e aprazível», disse. Por outro lado, destacou o edificado que se vai construindo desde que não demasiado impactante em termos visuais de modo a não agredir a paisagem. Por fim, a dimensão humana: «acolhemos toda a gente, o turista, o atleta, o místico; toda a gente é bem-vinda no Sameiro», disse.

Para o cónego José Paulo Abreu, se bem conjugadas, estas três vertentes «fazem do Sameiro um espaço de excelência» e um «bom testemunho do cuidar da natureza».

Já o cónego Mário Martins, presidente da Confraria de Bom Jesus do Monte, recordou que o Santuário é reconhecido como património mundial não só pelo seu património edificado mas também pela sua paisagem natural.

«Este é um esforço com muito tempo mas aproveitamos esta oportunidade para reforçá-lo. Esta é uma consciência que deve ser de todos nós que administramos mas também dos que nos visitam», disse, sublinhando que estão em vista algumas iniciativas nesse sentido, algumas que já vêm de trás e outras para concretizar, como a instalação de painéis solares no Hotel do Parque , a implementação de iluminação mais sustentável e eficiente e a plantação de plantas autóctones.

«Braga pode contar com o Bom Jesus como sempre temos feito e agora ainda mais. Todos temos a responsabilidade, a começar em nós e a continuar em quem nos visita», salientou.

Já o cónego Abílio Brito, presidente do Conselho Económico de Santa Marta das Cortiças, salientou a riqueza que aquele espaço tem quer em termos naturais como históricos.

«Temos ainda natureza intacta e preservada. O nosso ponto forte é uma espiritualidade ecológica. Propomo-nos a uma espiritualidade ecológica no sentido de criar percursos em que as pessoas possam desfrutar da beleza da natureza», referiu.

Miguel Santos, presidente da Mesa da Comissão Administrativa da Irmandade de Santa Maria Madalena do Monte e de Santa Marta da Falperra, por seu turno, sublinhou que aquele local «é de todas as pessoas que dele queiram usufruir, preservando-o».

«As nossas capelas e espaços estão muito mais disponíveis para a comunidade cristã mas como ninguém veda estamos sempre disponíveis para receber as pessoas», disse, enaltecendo a «perspetiva construtiva» patente neste protocolo.

Para o responsável, «os turistas são sempre bem-vindos na perspetiva que respeitem os espaços disponíveis para visitar. Só com respeito mútuo faz sentido».

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