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30 Mar 2020
Segunda-feira da V Semana da Quaresma
Homilia no Paço Arquiepiscopal
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Apetece-me começar a partilha de hoje com uma pergunta. Que é para si ser cristão? Já estou a imaginar respostas. Ir à missa ao Domingo, não pecar, rezar, ou todo um conjunto de coisas a fazer ou a omitir. Determinações a cumprir e proibições a evitar.

Sabemos que Cristo nasceu no meio do judaísmo. Também ele foi judeu. Mas, ao mesmo tempo, deu um salto, acrescentou novidade. Lutou contra o rigor dos fariseus e deu uma imagem diferente do ser religioso. Fê-lo com ousadia e, por tudo isso, o condenaram à morte. O Evangelho de hoje apresenta mais um caso de sério cumprimento das leis. O adultério era proibido sob pena do apedrejamento. Jesus não nega a gravidade da situação. Mas testemunha um amor feito gratidão.

Ainda hoje continuamos a olhar muito para os preceitos e proibições. Mas teremos de dar um salto para fazer uma profunda aliança com Cristo e acreditarmos no seu amor. Daí que o cristão é um seguidor de Cristo que não se contenta em chegar a um simples gesto ou atitude de quem diz gosto de Cristo, ou a uma adesão intelectual de quem acredita em verdades. Precisamos de uma adesão integral e permanente, que é capaz de transformar a nossa identidade. Sejamos honestos e reconheçamos que nos falta muito esta divina aventura de um colocar-se no coração de Deus e permitir que Ele faça de nós o que quiser.

Recordo-me de uma meditação que comparava esta adesão a Cristo ao que acontece com a estrela polar. Reconhece-se que Deus é a estrela polar à volta da qual tudo gira e depois não conta nem o como, nem o onde nem o porquê.. Basta a intimidade e tudo o resto vai acontecendo, no escrupuloso cumprimento daquilo que o mesmo amor sugere ou prescreve. Os primeiros cristãos, que serão sempre uma referência, podiam sintetizar a sua vida num dizer transparente: acreditamos no amor de Deus.

Até hoje, a Igreja foi insistindo muito num moralismo abstrato, exigente, que criava um sentimento de culpa e remorsos, vidas sobrecarregadas e vergadas ao peso das culpas. Hoje necessitamos de um cristianismo mais puro e autêntico que passa por saborear que Deus nos ama e nos quer bem. O resto das determinações continuarão a ser importantes. Não são um objectivo. Dimanam da primazia de Deus que nos abraça com força. Recordando ainda o que acontece com o judaísmo, eles vivem para cumprir os preceitos. São 635! Tantos quantos os grãos de uma romã. Só que este fruto, que me é muito caro pela simbologia que lhe dei, apesar de ter 635 grãos é um único fruto, como que a dizer-nos que a diferença do cristianismo está aqui. Acreditar neste único amor e depois alegremente ir cumprindo tudo o que ele exige.

O itinerário pastoral da nossa Arquidiocese sublinha, esta semana, um tempo para acreditar. Precisamos de acreditar numa fé centrada no essencial, purificada das bruxarias, horóscopos, superstições (e como é importante falar disto nos tempos que correm), numa fá que admite que só Jesus é o maior tesouro que podemos ter no mundo. A fé, quando ancorada no amor de Deus, dá-nos coragem para enfrentar todos os desafios deste tempo tão complexo e enigmático. É a base que nos leva a defender e a promover com ousadia profética a dignidade da vida humana em todas as pessoas, acreditar numa fé que nos ofereça respostas válidas para todas as perguntas existenciais, acreditar num fé que tem a sua raiz na Palavra de Deus e no encontro com a pessoa de Jesus Cristo na Eucaristia. Acreditar numa fé que não cresce sozinha, isolada, como se estivesse num laboratório, mas cresce e ganha força unida à família e à comunidade, acreditar numa fé que não quer morrer por asfixia dentro de uma estufa espiritual e por isso quer contagiar os outros que nos rodeiam em todos os lugares.

O que é para mim ser cristão? Aderir a Cristo com tudo o que somos e temos e permitir que a vida gire à volta desta certeza.

  

 † Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

 

Introdução

Iniciamos uma semana que deve ser vivida à luz do acreditar. Somos demasiado calculistas e nem sempre ousamos procurar horizontes de grande alcance. Deveríamos ser procuradores da verdade, procuradores de Deus. São muitos aqueles que se dizem fora da Igreja mas que, ainda assim, estão à procura de algo que ainda não sabem bem o que é. Os cristãos, na sua maioria, vivem satisfeitos e instalados num conjunto de hábitos e rotinas. Rezemos, hoje, para que consigamos ser buscadores de Deus.

Momento da paz

A felicidade de viver é procurada em muitos lados. Muitos olham para o desporto, outros para a política, outros para o dinheiro, outros para o prazer. Onde está a novidade e a diferença do cristianismo? Apenas no coração misericordioso de Cristo que alicerça convenientemente a felicidade que procuramos. Para sentir e experimentar a felicidade, tenhamos a coragem de ver onde a colocamos. Estará sempre dentro de nós numa aliança imperceptível mas real com Aquele que nos amou em primeiro lugar para depois o amarmos do modo semelhante.

Despedida

Há dias vivemos um momento de impressionante beleza e de arrepiante responsabilidade. O Papa Francisco, sozinho, numa praça habituada a multidões, debaixo de chuva, caminhou tremulamente para pedir a Deus o fim da pandemia. Quero terminar hoje com uma mensagem que me enviaram. É um modo de continuarmos a rezar com o Santo Padre.

VI UM HOMEM VESTIDO DE BRANCO

Vi uma Praça cinzenta, vazia, regada por uma chuva inclemente mas, quem sabe capaz de “limpar” as impurezas que nos assolam. 

Vi um homem frágil surgir, vergado pelo peso das nossas dores e aflições, dores que ele quer transportar consigo e colocá-las sobre o altar, junto d’Aquele que o espera lá, à porta da CASA…

Caminhava lentamente, com a sua fragilidade física, insensível à chuva que caía. Era a imagem de uma HUMANIDADE sofrida…

Vinha vestido de branco… Era a simplicidade, a pureza de coração, a luz que teimava rasgar o cinzento da tarde. 

E o HOMEM DE BRANCO seguia determinado. 

Lá do alto ele nos olha. Fala connosco: É hora de fazer o nosso INVENTÁRIO. Há trigo e joio misturado. Nós sabemos qual é qual...

E, então, depois de separados, tudo entregamos nas suas mãos. 

O resto, o HOMEM DE BRANCO fará e fez. Era o Sacerdote na sua sublime missão: levar até Deus as nossas orações.

Vi-o seguir o seu caminho e ir ao encontro d’Aquele que o esperava.

E ali, sentado na sua cadeira, ficou largos minutos, dialogando em silêncio, com o Senhor. Não sabemos o que lhe disse, mas, tenho a certeza, falava-Lhe de nós… 

O que Jesus lhe disse, também não sabemos, mas acredito que lhe disse: “Diz-lhes que não tenham medo, que fiquem bem e em paz, pois os seus pecados foram perdoados.  Que confiem, pois EU ESTAREI CONVOSCO ATÉ AO FIM DOS TEMPOS”.

A mim, que o vi, cabe-me dizer: “Obrigada Santo Padre por nos levares até ao colo de Jesus. Senti os seus braços rodearem-me e, acredito, todos os que comigo te viram, sentiram o mesmo”.

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