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18 Jul 2016
Pastoral na Cidade de Braga
O presente documento colige um conjunto de inquietações e orientações que serão já, no todo ou em parte, de concretização necessária e possível em algumas das paróquias da cidade de Braga, mas que, tendencialmente, serão aplicadas a todas as paróquias do tecido urbano.
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1. Paróquias missionárias: misericórdia e criatividade

O presente documento colige um conjunto de inquietações e orientações que serão já, no todo ou em parte, de concretização necessária e possível em algumas das paróquias da cidade de Braga, mas que, tendencialmente, serão aplicadas a todas as paróquias do tecido urbano. Solicita-se uma discussão serena entre os diferentes intervenientes. Daqui poderá surgir alguma renovação pastoral adaptada às actuais circunstâncias, mas só com uma visão da Igreja capaz de se situar no novo contexto social e religioso, nomeadamente no que concerne ao ministério dos sacerdotes.

2. Uma comunidade de comunidades

Num momento em que reflectimos sobre o presente e o futuro da Arquidiocese, – que implicará a efectiva implementação de unidades pastorais, depois de concluída a Visita Pastoral às paróquias do Arciprestado de Braga e considerada a especificidade pastoral da cidade – pensamos que esta é uma oportunidade a não perder para criar as melhores condições para que haja unidade Pastoral na cidade, e até mesmo dentro de cada paróquia, tendo em vista as várias capelanias e centros de culto existentes.

Assumindo os desafios do Papa Francisco, o desejo é de fazer “uma opção missionária capaz de transformar tudo ... toda a estrutura eclesial” (EG 27). Pensamos que urge viver em “chave de missão” pelas vias da audácia e da criatividade. Sentimos como necessária a opção de sermos discípulos missionários em comunhão e acreditamos que a partir da palavra acolhida, celebrada e anunciada, a paróquia faz-se fonte dinâmica do discípulo missionário. Urge sermos paróquias renovadas tendo em vista a verdade da missão: não cuidar apenas dos que se aproximam, mas cultivar a capacidade de “sair” ao encontro dos de fora, para lhes anunciar o Evangelho de Jesus Cristo.

É pretendido que as paróquias sejam: “mais próximas das pessoas”; “lugares de comunhão e participação”; “orientadas para a missão”; “capazes de se adaptar e renovar continuamente”; “a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e suas filhas”; “comunidades de comunidades”, “santuário onde os sedentos vão beber para continuar a caminhar”, “centro de constante envio missionário”. 

Sabemos que pela sua estrutura territorial e pela sua “visão e missão”, a “paróquia está em óptimas condições de assegurar o contacto e a imersão no povo e nos lares”; ela poderá ser “chamariz” missionário.

Também estamos conscientes de que “uma cultura inédita palpita e está em elaboração nas cidades (…). As transformações destas grandes áreas e a cultura que exprimem são, hoje, um lugar privilegiado da nova evangelização. Isto requer imaginar espaços de oração e de comunhão com características inovadoras, mais atraentes e significativas para as populações urbanas” (EG 73) e que possibilitem a experiência do verdadeiro encontro com Jesus Cristo.

Esta nova fase poderá ser importante para olhar e promover uma opção consciente da centralidade da cidade como um todo onde as pessoas se cruzam e partilham as suas experiências vitais. Isto não pretende substituir o lugar das paróquias, enquanto realidade histórica e geográfica, mas antes gerar verdadeiras comunidades de pessoas. São uma referência nevrálgica de verdadeiras comunidades vivas, nunca se reduzindo a agências de serviços.

3. Na atenção à cidade, redescobrir o significado da paróquia

Importa redescobrir o significado da paróquia e reconhecer o novo mundo onde ela serve o povo de Deus, numa permanente articulação de serviços com as outras paróquias. Poderão tornar-se locais para realizar determinadas actividades interparoquiais e assumir tarefas, particularmente na área da formação, que possam ser oferecidas aos cristãos de toda a cidade.

Entra aqui o papel das capelanias, que poderão assumir, tendencialmente, actividades específicas em relação com carismas, movimentos e sectores concretos da vida e acção pastoral. As suas infraestruturas poderão ser efectivos apoios, seja como residências de sacerdotes, seja no acolhimento de possíveis acções de formação ou coordenação. Também as comunidades religiosas são convidadas a dar o seu contributo particular, numa ligação directa com as paróquias. São instâncias que, no contexto de uma pluralidade de expectativas, diversificam a pastoral e imprimem um ritmo peculiar através de iniciativas diversificadas que nunca dispersam mas antes fazem convergir tudo para a unidade pastoral de toda a cidade.

A cidade, nas suas paróquias e nos seus centros de culto, poderá continuar a acolher a ajuda pastoral dos sacerdotes que, em razão do cansaço e da idade, já não podem assumir a gestão pastoral de uma paróquia. Essa participação acontecerá sempre em colaboração com o pároco que, semana a semana, ou mês a mês, coordenará a distribuição das diversas “presidências” e a permanência de um certo tempo em cada igreja para atendimento, acolhimento e encaminhamento. Muito ajudará esta equipa sacerdotal, se uma vez por semana se encontrar um pouco, incluindo a partilha de uma refeição.

O nosso olhar de “discípulos missionários” só pode ser de amor e respeito para com as assembleias das várias igrejas do centro urbano. O amor implica a verdade: verifica-se que há reduzida interrogação/inquietação em torno do sentido de pertença alicerçado na missão/identidade baptismal; predomina o nível da religiosidade devocional com uma certa carga de afectividade nem sempre saudável; há dispersão dos nossos fiéis, que, em boa parte, se habituaram a ir à celebração que lhes “dá mais jeito para cumprir o preceito”, na hora e na igreja que mais lhes convém (sem compromisso). Esta dispersão tem tido repercussões: pouca adesão às propostas de reflexão, aprofundamento, oração e depois a dificuldade em termos de verdade e “adultez” no exercício/incarnação dos vários ministérios e serviços, desde a gestão à liturgia - não existência de grupos corais, organistas, acólitos, leitores, zeladores. O caminho da mudança passará por procurar/oferecer mais vida, mais alegria e mais Eucaristia, sendo dispensáveis várias celebrações eucarísticas.

Esta unidade a partir da cidade, colocando a referência na paróquia, conseguir-se-á se surgir um Conselho Pastoral da Cidade. Este não elimina os paroquiais mas, no início e no fim do ano pastoral, congrega representantes de todos os Centros de Culto, Capelanias, Irmandades e Congregações Religiosas para reforçar a comunhão para uma caminhada enriquecida com as capacidades e talentos de todos os sacerdotes – e não só dos párocos – assim como dos leigos empenhados no trabalho pastoral dessas capelanias e reitorias, assim como representantes dos corpos gerentes das Confrarias e Irmandades. Todos os sacerdotes serão aproveitados, presidindo ou concelebrando, e ficarão disponíveis para o serviço urgente do atendimento e, sobretudo, do acolhimento. 

Face ao objectivo que se pretende alcançar, é de esperar que os sacerdotes que trabalham no mesmo território se constituam em verdadeira equipa sacerdotal. O pároco promoverá reuniões tendo em vista uma programação pastoral integrada e poderá promover uma certa rotatividade das eucaristias entre a igreja paroquial e os vários locais de culto a fim de que cresça um espírito comunitário mais alargado.

Espero que este documento suscite uma grande criatividade, tornando a cidade de Braga um local onde a fé é celebrada, vivida e anunciada por comunidades missionárias que não se fecham em si mas caminham ao serviço de um povo de Deus marcado por sinais de religiosidade, mas a necessitar de uma fé cuidada que se coloca no coração da sociedade civil para a gestação de um mundo mais humano.

 

Braga, 18 de Julho de 2016, Memória do Beato Bartolomeu dos Mártires

 

 

 

 † Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

 
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