Arquidiocese de Braga -

26 junho 2020

Conheça os três novos diáconos da Arquidiocese de Braga

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DACS

As ordenações têm lugar no domingo, dia 28 de Junho, pelas 15h30, na Cripta do Sameiro, e será transmitida no YouTube e Facebook da Arquidiocese.

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Paulo Pereira, Pedro Antunes e Miguel Rodrigues vão ser ordenados diáconos no domingo, dia 28 de Junho, às 15h30, na cripta do Santuário do Sameiro. Todos eles têm como objectivo o sacerdócio. Descubra, pelas palavras dos próprios, o porquê de seguirem este caminho.

Este ano e devido à pandemia, a cerimónia está reservada a um número restrito de pessoas. Tendo em conta todos aqueles que gostariam de estar presentes fisicamente, a cerimónia será transmitida online através no canal de YouTube e na página de Facebook da Arquidiocese de Braga.

Paulo Pereira

Santa Marinha de Covide – Terras de Bouro

“Estou cada vez mais convencido que é a partir dos pequenos sinais que podemos perceber os desígnios de Deus. De facto, a beleza da vida percebe-se a partir dos pormenores. É com esta convicção que leio a história da minha vocação, tendo presente de que Deus não chama só os capacitados, mas também capacita os chamados. 

Estava no 7º ano, entre as muitas conversas que o nosso grupo de amigos tinha, surgiu, certo dia, o tema do seminário. Um amigo meu queria frequentar uns encontros de pré-seminário, mas não queria ir sozinho, então lança o desafio ao grupo. Nestas coisas é sempre assim... Eu acabei por falar com o meu pároco e começamos, os dois, a frequentar os encontros de pré-seminário. Sobre o seminário apenas sabia que era uma casa onde se formavam padres, e isso, inquietava-me pois nunca tinha pensado sobre o assunto, pelo menos para mim.

Através da experiência destes encontros mensais, ao longo de dois anos, esta casa e este modo de viver foram-me interpelando levando-me a entrar para o seminário para o 9º ano. Quando me perguntavam, costumava dizer que ia por curiosidade, porém, este desejo de ser padre foi fazendo caminho em mim. Ao longo do tempo, fui descobrindo que o seminário não era apenas uma casa que formava padres, mas é acima de tudo uma casa que pretende formar jovens, ajudando-os a lidar com algumas questões, abrindo horizontes e apontando caminhos, mas sem decidir por ninguém. Após 4 anos de seminário menor, terminando o 12º ano, fui para o seminário maior, onde comecei a formação de preparação para o sacerdócio. Este foi um tempo de grande amadurecimento vocacional, e crescimento humano. 

Encontrando-me, a uns dias de dar este passo importante na minha vida, quero agradecer a Deus por todas as pessoas que se cruzaram no meu caminho. Foram, e são, de facto, rostos de Deus na descoberta da minha vocação. Confio a Deus o futuro que se segue, na certeza de que Ele estará sempre comigo.”

Pedro Antunes

Santa Maria de Bouro – Amares

«O que é que queres para a tua vida?» Esta foi uma pergunta que fiz a mim mesmo, imensas vezes. A resposta vai-se desvelando pela mediação de muitas pessoas, acontecimentos, caminhadas, leituras, meditações e orações, etc. Em determinado momento da minha vida, percebi que toda ela se resumia a uma procura por Deus, quando, na verdade, já tinha sido “encontrado” por Ele. O desafio era abrir-me, predispor-me, a esse encontro!

É esta a releitura que faço do meu caminho vocacional, quando recordo todos os ofícios profissionais e serviços que desempenhei, todos os estudos que realizei, sejam os seis anos de Teologia, ou os quatro anos de Sociologia. Percebia que estava à procura de uma felicidade que só vislumbrava quando me dedicava a atividades pastorais.

Só posso agradecer a Deus pelas pessoas que colocou no meu caminho: família, párocos e sacerdotes que me mostraram o que é a compaixão, o compromisso e o acolhimento; catequistas que são testemunhas diárias de uma fé inabalável em Cristo; e amigos que vivem a vida numa alegria e caridade tamanhas que são, sem sombra de dúvida, expressão de um Amor maior. Todas elas me deram a coragem para assumir este caminho.

Por isso, apesar das dúvidas que fazem parte da vida, foi com confiança que, em 2014, decidi propor-me a fazer um caminho de discernimento no Seminário Conciliar de Braga. Agora, às portas do diaconado, as perspetivas são de poder, de alguma forma, contribuir para o amadurecimento da fé de uma comunidade concreta. O serviço, a caridade e a Palavra devem marcar o ministério do diácono, ajudando a que a comunidade possa manter viva a sua fé.

No meio de tantas incertezas e incoerências dos tempos atuais, Igreja precisa de cristãos vivos, pois, como refere o Salmo 115: «Não são os mortos que louvam o SENHOR, nem os que descem ao mundo do silêncio. Mas nós, os vivos, louvaremos o SENHOR agora e para sempre. Aleluia!» (Sl 115, 17-18).”

Miguel Rodrigues

São João Baptista de Nogueira – Braga

“Todos nos debatemos, ao longo da vida, com interpelações que convocam para importantes decisões, para a descoberta de uma vocação, isto é, um caminho de ação, livre, que como cristãos percorremos para Deus. 

A questão pelo sentido da existência, entre outras, foi surgindo na minha vida, à qual procurei ir dando resposta ao longo dos últimos 6 anos. A entrada no Seminário, depois de concluído o ensino secundário e de frequentar o Pré-Seminário, afirmou-se como um passo importante para discernir a vocação a que Deus me chama. Este discernimento significou um constante percurso de distinção e percepção do significado dos vários sinais de Deus presentes na minha vida. Destaco dois importantes estímulos: a oração frequente e a atenção a toda(s) a(s) história(s) mediada(s) no quotidiano. 

Assim, por um lado, foi, e é primordial a relação e conhecimento de Deus, visto que só podemos amar e seguir Aquele que conhecemos. Por outro lado, olhar a família, os amigos, a comunidade paroquial, os companheiros e formadores da vida no seminário, assim como tantos outros contextos e relações habitadas que se afiguraram como autênticos lugares da voz de Deus.

Seguir a vontade de Deus para esta vocação ao sacerdócio ordenado não é nenhum capricho divino, mas um encontro, uma comunhão de vontades, a vida através do filtro do Evangelho e do Serviço. De facto, são estas duas expressões que procurarei ter sempre presentes ao longo da vida, em particular como diácono, não perdendo a generosidade de cruzar o meu olhar com o de Deus, deixando-me encontrar por Ele. Confio com passos firmes, na alegria de quem se entrega à descoberta, num estado de equilíbrio pautado pelo reconhecimento do movimento de Deus, da busca incessante de abrigo no Seu santuário: «Até as aves do céu encontram abrigo, e as andorinhas um ninho para os seus filhos» (Sl 84, 4).”