Arquidiocese de Braga -

Um arcebispo católico do Paraguai pediu aos jornalistas para olharem para a profissão como um apostolado e ajudarem a Igreja na sua missão, informando para formar e envolvendo-se com a vida das pessoas.

“A tarefa do jornalista é procurar e comunicar a verdade, tanto através de factos e reportagens de investigação, como pela interpretação dos acontecimentos ou pelos seus comentários. A busca da verdade e a sua comunicação orientam o trabalho diário”, disse D. Adalberto Martinez Flores, de Assunção, na sua mensagem por ocasião do Dia do Jornalista, celebrado no Paraguai a 26 de Abril.

“A nobre profissão do jornalista para a Igreja tem um sentido de missão e apostolado segundo o ensinamento do Mestre: «A verdade vos libertará»”, afirmou, segundo a Agência Fides.

No seu trabalho de informar, o jornalista "tem a tarefa imperativa de lembrar que o foco das notícias não é a velocidade de transmissão e o efeito na opinião pública, mas sim as pessoas”, disse.

“Informar é formar, ser envolvido na vida das pessoas”, disse D. Martinez. “A verificação das fontes e a salvaguarda da comunicação são verdadeiros processos de desenvolvimento do bem, que criam confiança e abrem caminhos de comunhão e paz”.

A liberdade de opinião e a liberdade de imprensa são dois factores essenciais para esta função social da profissão, disse o arcebispo.

“A busca pela verdade implica a liberdade de opinião dos jornalistas, que é exercida de acordo com critérios éticos e responsabilidade social, bem como a liberdade de imprensa como um suporte e veículo de informação, estudo e interpretação de factos que afectam a sociedade", disse D. Martinez.

Ao serviço da verdade, apesar dos obstáculos

O arcebispo convidou todos os jornalistas, crentes ou não, a “continuarem a fortalecer a sua vocação ao serviço da verdade, apesar de todos os obstáculos e limitações que encontram no cumprimento da sua tarefa quotidiana, que nem sempre é fiel à sua verdadeira dimensão reconhecida, recompensada e apreciada”.

O arcebispo Martínez também expressou o seu “incentivo e apreço” aos jornalistas, citando o Papa Francisco, que recomenda que os jornalistas prestem atenção especial à “verdade, bondade e beleza” e, finalmente, sublinha o desafio comum que os une à Igreja, exortando-os a apoiar-se uns aos outros, para “trazer esperança e vida ao nosso povo”.

O jornalista e advogado José María Costa, director de Transparência e Acesso à Informação do Supremo Tribunal de Justiça e coordenador da Mesa Redonda de Segurança do Jornalista no Paraguai vê um “amplo ambiente de liberdade de expressão e liberdade de imprensa no país”, apoiado por normas constitucionais específicas e claras.

Mas também houve retrocessos com vários casos de ataques contra jornalistas, incluindo ameaças ligadas ao trabalho, ataques físicos e assédio envolvendo cyberbullying, estigmatização, perseguição judicial e violência sexual, observou Costa num relatório nacional da Columbia Global Freedom of Expression.

Dante Leguizamón, defensor dos direitos humanos e ex-integrante da Comissão Nacional contra a Tortura, sustenta que a impunidade continua a ser um problema que o Paraguai ainda não conseguiu resolver.

De acordo com os Repórteres sem Fronteiras, jornalistas e rádios comunitárias são frequentemente submetidos a ameaças, ou violência física, instigadas por organizações criminosas ou autoridades locais, que beneficiam de um clima de impunidade quase total, e também que os jornalistas são frequentemente alvos de violência nas manifestações.

Em 2021, o Paraguai teve um índice de liberdade de imprensa de 33,52 pontos, acima dos 32,97 do ano anterior. De acordo com esse ranking global, quanto maior a pontuação do índice, pior é a situação em relação à liberdade de imprensa num determinado país.

Artigo do La Croix International, publicado a 27 de Abril de 2022.