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DACS | 13 Set 2022
Pe. José Miguel Cardoso publica livro para as famílias
Obra que dá destaque à adolescência é apresentada no dia 16 de Setembro, sexta-feira, pelas 21h15, na Basílica de São Torcato, em Guimarães.
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  © DACS

O Pe. José Miguel Cardoso, sacerdote da Arquidiocese de Braga a frequentar o Doutoramento em Roma, irá apresentar publicamente o livro “Onde está o teu filho? Para uma pedagogia quotidiana diante da crise familiar” no próximo dia 16 de Setembro, sexta-feira, pelas 21h15, na Basílica de São Torcato, em Guimarães, numa parceria com o Departamento Arquidiocesano para a Pastoral Familiar. 

O livro, editado pela Paulus, surge na sequência de um curso extra que o presbítero fez em Roma sobre terapia familiar, nomeadamente um Diploma em Teologia Prática com especialização em Pastoral Familiar, na Pontifícia Universidade Gregoriana. 

Já tinha pensado em fazer qualquer coisa ligada à família porque quando estava na paróquia tinha uma instituição de crianças e jovens em risco e senti a necessidade de me formar também para essa missão. Quanto mais preparados e conhecedores a realidade estamos, mais podemos ser eficazes na nossa missão, começa por revelar o Pe. José Miguel ao DACS.

“Não pode ser a família a abdicar de comunicar certos valores. Se ela não os comunica, há dois riscos: ou ninguém os comunica, ou vão ser comunicados de modo deturpado.”

A escolha da Universidade também não surgiu por acaso: de acordo com o sacerdote, a Gregoriana é a grande impulsionadora do pensamento do Papa Francisco e, havendo actualmente a necessidade de implementar a Amoris Laetitia, o Pe. José Miguel também considerou o curso uma boa oportunidade para ajudar a implementar progressivamente a nova mentalidade que o Pontífice pede à Igreja.

Depois do curso de um ano, o sacerdote teve que elaborar uma tese, que agora publica em livro com o intuito de ajudar as famílias actuais. A obra tem precisamente por base as recentes orientações eclesiais sobre a família – Amoris Laetitia – e procura articular a Teologia com as Ciências Humanas, nomeadamente a Sociologia, a Psicologia e a Antropologia.

Seria um acto egoísta não publicar isto. Não é que vá salvar a humanidade, mas acho que é um livro que ajuda as famílias em concreto. Já foi escrito nesse sentido, com uma linguagem o mais simples possível, mas é sobretudo um livro que ajuda as famílias no seu contexto concreto e quotidiano nesta missão específica da educação, explicou.

 

A obra: um livro para as famílias

O livro “Onde está o teu filho? Para uma pedagogia quotidiana diante da crise familiar” dedica-se a concretizar dois capítulos da Amoris Laetitia, o VII, Reforçar a educação dos filhos, e o IX, Espiritualidade conjugal e familiar".

A partir dessas premissas, é um livro escrito por um teólogo, mas não para teólogos e sim para as famílias. O livro está dividido em duas grandes partes, uma parte teórica e uma parte prática, e começa por explicar o que é uma família hoje em dia, explica o autor.

Segundo o Pe. José Miguel, o livro aborda os últimos três séculos de transformação das famílias. Começou por existir a família pré-industrial, uma família agrícola que habitava o mundo rural, em que havia um número grande filhos, mas a relação entre pais e filhos era instrumental: os filhos eram tidos como necessidade de mão-de-obra para o sustento da família.

Posteriormente, surgiu a chamada família industrial, aquela em que os filhos eram numerosos, mas a relação entre pais e filhos era mercantil, porque os filhos entregavam os salários aos pais.

Hoje existe a chamada família pós-industrial, com a urbanização das famílias, em que há um número muito menor de filhos e há uma relação muito mais simbólica e afectiva entre pais e filhos. Explico também os quatro grandes modelos de filho, as quatro grandes relações que um filho pode ter com o pai, baseado na Psicanálise, e depois termino, como Dogmático, com uma referência a Jesus, que é o Filho por excelência, em que explico o que é que Jesus pode ainda hoje ensinar-nos na arquitectura entre paternidade e filiação, observa o presbítero.

Tendo presente toda esta teoria, o Pe. José Miguel explica depois a novidade da Amoris Laetitia no que diz respeito à educação dos filhos: de uma “hegemonia pedagógica” familiar passou-se a uma “democratização pedagógica”, pelo que hoje resta salvaguardar uma “exclusividade pedagógica” da família no que concerne a determinados conteúdos pedagógicos.

Não pode ser a família a abdicar de comunicar certos valores. Se ela não os comunica, há dois riscos: ou ninguém os comunica, ou vão ser comunicados de modo deturpado”, sublinha o autor.

 

As cinco grandes crises familiares

A obra do Pe. José Miguel aborda as cinco grandes crises que atravessam as famílias, momentos de instabilidade originados por algum evento extraordinário que interrompe a estabilidade familiar habitual. 

A primeira dá-se quando o casal começa a morar sob o mesmo tecto, altura em que marido e mulher perdem a sua privacidade e têm que aprender a viver com outra pessoa. A segunda é a fase do primeiro filho, com um efeito gigante sobre um pai e uma mãe, até porque a mãe dedica mais atenção ao filho e menos ao marido, o que pode acabar por gerar um certo ciúme por parte do pai.

“A adolescência é a fase do início da autonomia da criança, em que há um choque relacional porque o pai e a mãe, aqueles ideais de infância, passam a apresentar defeitos aos olhos dos filhos. Passa-se do pai ideal ao pai real.”

A terceira fase é a adolescência dos filhos, em que o pai e a mãe já não têm controlo total sobre as crianças e os problemas dos filhos passam também para os problemas dos pais.

Esta fase é um misto de alegria e dificuldade extremas porque hoje está tudo bem, amanhã não está... E os pais só têm que amar os seus filhos, observa o Pe. José Miguel.

A quarta fase é a do chamado ninho vazio, quando os filhos saem de casa, vão para a universidade, formam uma nova família ou emigram. Depois há a fase final, a fase da reforma, quando os pais se tornam também avós e são avós dinâmicos, que participam na educação dos netos.

 

A adolescência como a maior crise"

A fase da adolescência surge destacada na obra, sendo-lhe dedicados dois pontos em exclusivo.

Esta é a fase em que os filhos são um autêntico vulcão, em que um pai e uma mãe têm que estar ali como um treinador, a dar as orientações, a ter sempre a porta aberta para o caso de um filho se perder, lesionar ou ser dispensado… A adolescência é a fase do início da autonomia da criança, em que há um choque relacional porque o pai e a mãe, aqueles ideais de infância, passam a apresentar defeitos aos olhos dos filhos. Passa-se do pai ideal ao pai real, explica o sacerdote.

O Pe. José Miguel alerta que é durante este período que surgem as primeiras discussões entre pais e filhos, altura propícia também ao choque entre pai e mãe, que por vezes dizem coisas díspares.

Há pais que estão preparados e sabem lidar, há pais que não estão preparados, mas sabem procurar ajuda e ainda há pais que pelo seu contexto social reagem mais do que agem. Esta fase pode criar traumas psicológicos e levar a uma relação mais fria e distante entre pais e filhos, indica o autor.

O livro termina com uma teologia do quotidiano. Partindo do teólogo Karl Rahner, que afirma que Deus não se manifesta apenas nos grandes milagres, mas também nos pequenos detalhes do dia-a-dia, o Pe. José Miguel Cardoso apresenta oito exercícios concretos, as “Bem-aventuranças da filiação”.

A partir de um texto bíblico e de toda a teoria que se encontra na obra, estas “Bem-aventuranças traduzem-se num conjunto de práticas domésticas que podem potenciar o papel pedagógico os pais em relação aos seus filhos – sobretudo aos adolescentes – mediante as “bem-aventuranças da filiação”.

Escrito para ser lido por todas as famílias, crentes ou não-crentes, o livro estará disponível a partir da próxima semana, entre outros locais, na Livraria Diário do Minho e em várias livrarias de Guimarães, de onde é natural o sacerdote.

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